quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mostra de Cinema Português Contemporâneo

 

MostraCinemaPortuguêsContemporâneo

Imagem retirada daqui.

 

Depois de passar no Rio de Janeiro, chegou a semana passada à cidade de São Paulo, a Mostra de Cinema Português Contemporâneo. Esta iniciativa pretende aproximar as duas culturas, que há séculos permanecem umbilicalmente relacionadas. Neste veículo privilegiado para apresentação do cinema português no Brasil pretende-se também dar novos públicos à sétima arte lusa, públicos essenciais para gerar novas receitas e financiar aquilo que o Instituto de Cinema e Audiovisual deixou de fazer. Na mensagem do patrocinador – a Caixa Econômica Federal – e da produção – Carolina Dias/Refinaria Filmes – a mensagem é clara: a crise na Europa está a matar o cinema português.

Com um cartaz preenchido de longas e curtas metragens de novos e já conceituadíssimos realizadores, o traço comum destas escolhas foi o “trânsito cultural. a migração, as identidades multiculturais e as diaspóricas no eixo triangular Brasil-Portugal e países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), assim como filmes que abordem a migração e o exílio entre Portugal e o restante da Europa”, nas palavras da curadora Michelle Sales. Na sua mensagem de apresentação termina ainda com:

 

“desejamos, com os filmes, diminuir o grande oceano que nos afasta e aprofundar a fecunda memória que nos aproxima”.

 

As sessões decorreram de terça a domingo e contaram ainda com debates com realizadores convidados. Infelizmente, pelo horário de início das sessões (16h ou 18h30) foi impossível assistir durante a semana. Reservámos o sábado da tarde para duas curtas metragens e um documentário.

 

 

Canção de Amor e Saúde, de João Nicolau

CançãoDeAmorESaúde

Este filme de 2009 estreou-se na Quinzena de Realizadores de Cannes e foi premiado 9 vezes. É um filme que fala do João, da sua loja de chaves, da sua amiga da cafetaria, das suas clientes e dos seus devaneios mágicos. Vários momentos non-sense. A dada altura, uma estudante de Belas-Artes a falar francês permite-nos uma rápida associação ao apoio do Canal Mais. Não me enganei. Mas adorei a imagem: “um professor disse-me que para ser artista tinha de falar estrangeiro”. Por contingências das distâncias, adorei as imagens da Rotunda da Boavista, do decrépito Shopping Brasília, dos futurista autocarros ecológicos dos STCP, dos Jardins de Serralves! Ahh! E é impossível de não ter ficado deliciado com aquela recordação do baú: a máquina do “Teste do amor”.

 

IMDB | O Som e a Fúria

 

 

Ruínas, de Manuel Mozos

Ruínas

Imagem retirada daqui.

 

“Ruínas” (2009) é um documentário que mostra nada mais do que isso: ruínas. Edifícios abandonados, deixados ao esquecimento, ao sabor dos ventos e das chuvas, como se ninguém se lembrasse que um dia aconteceram e aconteceram vidas com eles. Manuel Mozos filmou-os para que não fossem irremediavelmente esquecidos. Não filmou por saudade. Filmou para mostrar um lado poético destas pedras acumuladas, das histórias que neles aconteceram e da história de Portugal. Mostra-nos o Restaurante Panorâmico de Monsanto, o Sanatório das Penhas da Saúde, a Estalagem São José (Ponte da Barca), Centro Educativo do Mosteiro de Santa Clara, Hidro-Eléctrica do Douro, Bairro do Alvito, a Estação de Ponte da Barca, Parque Mayer, Minas de São Domingos, Estalagem Gado Bravo, o Sanatório do Francelos…

Como Alexandra Prado Coelho escreveu no Ípsilon:

 

«"Ruínas" é uma sucessão de imagens de espaços que o país deixou para trás, que esqueceu, mas que não desapareceram. Muitos permanecem, de pé, numa dignidade silenciosa, abandonados mas não vencidos. Ninguém passa por eles, mas eles ainda ali estão.»

 

Este é o tipo de histórias que me fascina. Adorei. No final do filme crescia a vontade de mergulhar a cabeça nos livros e perceber as histórias que levaram estas ruínas a ser o que são.

 

IMDB | O Som e a Fúria

 

 

Arena, de João Salaviza

Arena

Imagem retirada daqui.

 

De todos é o mais mediático. A Palma de Ouro para Melhor Curta Metragem ganha em Cannes em 2009 assim o exige. De todos é também o mais consensual. São 15 minutos da história de Mauro (Carloto Cotto) em prisão domiciliária e os seus dilemas entre o bem e o mal. Numa perspectiva mais fútil, também acho que vale muito a pensa ver o Carloto Cotto em tronco nu.

IMDB | Blogue

 

 

Quando? 3 a 8 de Julho de 2012

Onde? Caixa Cultural de São Paulo

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3 comentários:

José disse...

"Numa perspectiva mais fútil, também acho que vale muito a pensa ver o Carloto Cotto em tronco nu."

ai e tal vamos ali à mostra do cinema que fica na zona feia do Kosovo...próximo fim de semana ficas em casa!!

José disse...

eu gostei da Cançao de Amor e Saudade :) o Porto é belo!!

O Meu Fado É Samba disse...

Aquilo não era assim tão feio... Acabámos por descobrir o Pateo do Collegio! Que até é um sítio bem engraçado!
AH! Relativamente aos dotes físicos do moço, não podes negar! Poderei sempre recordar-te da moça de olhos verdes no Juarez...