terça-feira, 12 de junho de 2012

Portagens?! Só em dinheiro!

A nossa viagem até Guarujá protagonizou uma das mais caricatas situações desde que aterrámos em solo brasileiro. Munidos de GPS, rapidamente percebemos que o caminho São Paulo - Guarujá nos iria levar pelo Sistema Anchieta-Imigrantes. Este “sistema” é o conjunto de estradas que permite chegar de São Paulo a Santos, atravessando a Serra do Mar.

A viagem ainda há pouco começara quando avistámos a primeira portagem (ou “pedágio”). Nada a estranhar. Parámos o carro, cumprimentámos a senhora e estendemos o cartão de crédito. Houve um eclipse. Acredito até que a Terra tenha parado de girar.



«Cartão?! Cartão de crédito, não dá. Só aceitamos dinheiro.»



"Como?!" foi a palavra que latejou na nossa cabeça durante as duas horas seguintes. Dada a inexistência de reacções no interior da cabine, soltei um incrédulo: “E agora?”.



«Agora é simples! Basta encostar o carro ali, na berma desta bela auto-estrada, e vir aqui ter comigo, a pé, para que eu lhe conceda um “boleto”. Ao atravessar as faixas (as “pistas”), tenha imenso cuidado para não ser atropelado por um carro ou quiçá um camião (um “caminhão”) que circule a grande velocidade. Pagar com cartão, não pode! Andar a pé na auto-estrada pode, e até é recomendado!»



Segue-se um conjunto de perguntas/respostas às quais dificilmente consigo chamar diálogo. Na verdade, estávamos a tentar conversar sobre cartas de condução (as “licenças para dirigir”), os documentos do veículo (aqueles onde consta o número da “chapa”) e outros documentos de identificação. Ao final de uns minutos concluímos que carros alugados (aqueles “carros de locação”) não têm direito a "boleto"! Vai daí, solto outro sonoro: “E agora?!”.



«Agora é simples! Os senhores voltam para o interior da viatura e ficam a aguardar o “retorno”. É que pagar portagem com cartão, não pode! Andar a pé na auto-estrada pode, é recomendado, e deve-se fazer diversas vezes em sentidos diferentes!»



Nem sequer questionei o que seria o “retorno”. Voltámos ao carro. O sol raiava como nunca, o alcatrão parecia derreter, e nós sonhávamos com a chegada à praia. Aproveitámos estes minutos para conjecturar sobre o “retorno”. Por momentos fomos crédulos. Acreditámos que iríamos andar na auto-estrada em contramão. Não foi verdade. Que pena. Depois de atravessar a auto-estrada a pé, duas vezes, achei que andar em sentido contrário poderia ser uma diversão segura.
Em 30 minutos, como prometido, chegou um simpático senhor que nos guiou até à saída mais próxima, e depois até à entrada imediatamente a seguir, para que pudéssemos entrar na auto-estrada no sentido oposto.



Nota: Durante este período, penitenciei-me por ser uma péssima co-piloto e não ter atentado nas placas informativas. De certeza que isso deveria estar escrito em algum lugar! Mas não, quando refizemos o caminho na totalidade (depois de outra inaudita aventura para levantar dinheiro) certifiquei-me que não existia essa informação em lugar algum.

Até hoje, penitenciei-me porque devia ter consultado o caminho previamente na internet e procurado informações no site da empresa concessionária da estrada. Na realidade, a informação existe, mas é tão difícil de encontrar que só consegui com a ajuda do Google.



Para mais informações consultar: http://www.ecovias.com.br/ ou www.google.com com a pesquisa “Anchieta-Imigrantes + pedágio + dinheiro”.

1 comentário:

José disse...

A melhor prova até agora de que este Portugal não é igual ao nosso :)